Crimes de Maio: impunidade marca doze anos dos ataques em SP
“O maior massacre da história contemporânea de São Paulo continua sem resposta doze anos depois”, diz Debora Maria da Silva, de 59 anos, mãe de Rogério Silva dos Santos, morto aos 29 anos em maio de 2006.
Santos está entre as 564 vítimas executadas no período conhecido como ‘Crimes de Maio’. Na época, rebeliões foram feitas em 74 cadeias do Estado de São Paulo como resultado de uma transferência de 765 presos para uma penitenciária de segurança máxima. Do lado de fora, toque de recolher foi espalhado, estabelecimentos fecharam as portas e a cidade que nunca para, parou.
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A ausência de impunidade está aliada ao fato de os assassinatos terem sido execuções, como aponta a pesquisa. O texto mostra que o local ou a vítima são previamente definidos e são assassinados por encapuzados ou veículos sem identificação, em regiões de alta letalidade (cabeça e tronco) e, na maioria dos casos, efetuados pelas costas e a curta distância — a lista, para Amadeo, qualifica os crimes como execuções.
“As vítimas, em sua maioria, eram jovens, negros, pobres e moradores de periferias”, explica o coordenador. O perfil dos executados, segundo Debora, mostra que no Brasil, “pobre e negro é tratado como inimigo”.
Mães brasileiras ajudam a inspirar movimento antirracista nos EUA
O movimento independente Mães de Maio, composto por mulheres que perderam os filhos no sangrento mês de maio de 2006, quando centenas de pessoas perderam a vida em meio a ofensiva policial como resposta a ataques da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) em todo Estado de São Paulo, sobretudo capital e Baixada Santista, também é usado de exemplo nas reivindicações que hoje tomam as ruas dos Estados Unidos.
Quatro anos atrás, quando estava marcando uma década dos crimes de maio e da luta por justiça e pela verdade sobre os acontecimentos, o movimento de mães foi convidado para compartilhar com movimentos e organizações dos Estados Unidos, incluindo o Black Lives Matter, as experiências vividas no Brasil com a polícia.
Nos Estados Unidos, a fundadora e líder das Mães de Maio, Débora Maria da Silva, se encontrou com representantes do movimento Black Lives Matter, que hoje tomam as ruas do país norte-americano.
A cada 23 minutos, um jovem negro é assassinado no Brasil, diz CPI
Depois que você terminar de ler este texto e tomar um cafezinho, um jovem negro terá sido morto no Brasil. É este o país que salta do relatório final da CPI do Senado sobre o Assassinato de Jovens, que será divulgado esta semana em Brasília: todo ano, 23.100 jovens negros de 15 a 29 anos são assassinados. São 63 por dia. Um a cada 23 minutos.
A CPI toma por base os números do Mapa da Violência, realizado desde 1998 pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz a partir de dados oficiais do Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde. O último Mapa é de 2014 e contabiliza os homicídios de 2012: cerca de 30 mil jovens de 15 a 29 anos são assassinados por ano no Brasil, e 77% são negros (soma de pretos e pardos).
As notícias não são de hoje. E também não é de hoje que a barbárie acontece no Brasil. E eu e você sabemos disso!
Uma notícia nova de uma realidade de sempre.
‘Parem de matar nossos filhos’, dizem mães após assassinatos em SP
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